Querido Gabriel,
Dia 19 foi o meu dia, foi dia do pai. A data que um dia alguém quis que se celebrasse a alegria de ser pai. Mas para mim, Bié, foi um dia como todos os outros porque essa alegria sinto-a em mim todos os dias da tua vida.
Tens agora 2 anos e quase 4 meses e desde que nasceste percebi o que é ser feliz, o que é estar completo. Vejo-te crescer aos poucos e vejo-me crescer contigo em tudo o que me ensinas. Contigo aprendi que cada gesto teu, cada sorriso que me ofereces, cada palavra que desenhas nos labios, cada um dos beijos que soltas são as mais belas ofertas que um dia esperei receber. Por isso, que sentido faz festejar um só dia quando tenho a razão de toda a celebração em todos eles?
Continuas a ser o sol que me acorda de manhã e a estrela que me guia no regresso a casa. O teu sorriso é cada vez mais a força que preciso para aguentar as horas e ás vezes os dias em que não estás a meu lado. E cada vez é mais dificil não estar. Brincas feliz e feliz fico apenas por ver-te viver. Aconchego-me a ti enquanto chamas o sono e espero que o tempo pare e me deixe sentir o teu cheiro, o teu respirar, o toque suave dos teus dedos na minha cara por mais um momento. Observo-te enquanto dormes e descanso no embalo do teu sono. Dia 19 foi um dia como os outros. Ainda bem, porque em todos os outros sou feliz contigo. Aquele foi o dia do pai mas desde que vieste ao mundo todos o são.
Mas este dia teve algo de diferente de muitos outros. Este foi o primeiro dia do pai em que eu não tive o meu para lhe dizer o quanto gostava dele. O Avô Quim já não festejou este dia. E um dia vou contar-te como o avô Quim tinha tanto orgulho em ser pai como em ser avô. Um dia vais saber como ele era feliz a teu lado, as músicas que te cantou, as brincadeiras que contigo partilhou e as lágrimas de felicidade que verteu a cada passo teu. Um dia vais saber que eras a única coisa que o agarrou à vida quando nada mais fazia sentido. Um dia vais saber porque eu não vou esquecer de recordar que o meu querido pai queria tanto continuar a ser teu avô.
Feliz dia, Gabriel.
Vô Quim
16/05/1935
19/02/2009.
Tio Nel,
Gostava de começar por lhe agradecer a carta que me enviou. É sempre bom ter noticias da familia e por isso aqui vai um abraço dos "Moura Coelho" e dos "Coelho Martins" directamente da capital do império, da metrópole, ou seja, da cidade onde se encontra o maior vulto arquitectónico português do sec XX, o Estadio José Alvalade, enfim Lisboa.
Posto isto e a pedido do meu papá (que se fartou de rir com a sua mensagem mas mal acabou de a ler apagou-a do computador não fosse fazer mal ao aparelho tal era o número de vezes que aparecia a palavra"SLB") gostava de esclarecer o seguinte:
1º - Eu só repito a sigla "SLB" porque o meu papá me disse que significa , com pronuncia do norte, "na Segunda bolta, Lebais Binte"
2º - Os dedinhos no ar não são por eu estar a dançar. O papá disse que pela imagem a águia Vitória deve estar com um ataque severo de piolho dos pombos. Por isso eu aponto e digo "qualquer dia vai para o céu".
3º - Por uma questão de bem estar, eu nunca poderia ser benfiquista. O meu papá é lagartão dos sete costados e mesmo assim, a primeira vez que foi a Parada o tio Manuel Barracas queria pô-lo a dormir com o boi do povo. Imagine o que fariam a mim.
4º - Em vez de gritar "golo", o papá está ensinar-me a dizer "É deixa-los poisar, carago".
Enfim, por estas e por muitas outras razões é que "só eu sei" por que não sou benfiquista. Mas não fique triste, tio Nel. Afinal, ser do benfica é o seu único defeito.
Beijinhos e abraços deste pequeno Príncipe.
Pois é amigos, estou a chegar de férias. Saí da confusão da cidade e fui dar descanso aos ossos para a maravilhosa Beira-Baixa e restabelecer a boa disposição nos indiscritíveis Trás-os-Montes. Mas ao contrário do que seria de esperar, também aqui no Portugal profundo já chegou a confusão do trânsito, como podem ver na foto acima: Uma monumental fila de "viaturas pesadas", um "condutor" que ultrapassa pela esquerda barafustando e o "agente da BT" calmamente a observar. Enfim, uma típica hora de ponta em Parada.
Agora mais a sério, posso dizer que foram umas férias bestiais e de muito aprendizagem. Fiquei a saber que as "meninas" de castanho na foto são as minhas melhores amigas porque me dão...leitinho. É verdade, rapaziada, são estas "senhoras" que me aconchegam a barriguita todas as noites. Pela minha imagem, pode-se dizer que fazem um bom serviço. Desde já aproveito para lhes mandar um abraço desejando-lhes felizes mugidelas.
Foram dias de muita agitação. Sempre a visitar novas gentes, novos locais e novos sabores. E esta gente transmontana é do melhor: mesa farta e vontade de oferecer. O que para mim é a definição de paraíso. O meu pai não acha muita piada, não pelo facto de eu comer muito mas porque está a ver que este tamanho de roupa não chega ao fim do verão.
Para animar a malta, houve festa na aldeia. Música ao vivo, conjunto musical a bombar, moçoilas aos saltos, cervejinha fresquinha e foguetório a condizer. Uma autêntica festa de arromba. Dizem que a festa era em nome do santo da terra, mas eu acho que era pela minha visita. Para a noite acabar em beleza, assisti pela TV o meu SPORTING despachar a lampiãozada com duas batatas sem resposta. O costume. Por isso nem festejei para não magoar o vovô nem o tio Nel. Mas já combinei uma visita a Alvlade com o tio Falta de Ar para gozarmos à grande. Por falar em tio Nel, ainda estou para perceber que raio de música era aquela que ele insistia em cantar. A música era horrivel, a voz não ajudava e a letra era de rir. Eu bem punha as mãos nos ouvidos mas ele não parava.
Aproveitei para conhecer também a Beira. Alguém conhece Sarnadas de Álvaro? Pois, nem eu. Mas fiquei a saber que por aquelas bandas as lojas de fruta estão ao virar da esquina. É só esticar a mão e encher o bandulho. Ainda tentei perguntar quem era o dono, mas estava de boca cheia e os papás estavam em cima da cerejeira. Foram cerejas, ameixas, figos e afins. Para ser o paraíso na terra, só faltou encontrar uma árvore que desse biberons. Se a encontrasse por estas horas ainda lá andava.
E por falar em comidinha, tenho de acabar por hoje. Está a chegar a hora do banho e logo a seguir vou restabelecer as forças á frente do prato. Não interessa o que lé esteja desde que seja de comer.
Um abraço a todos, saudações leoninas (em especial para o Ti Nel) e vemo-nos por aí.
Amigos, um grande bem haja.
Cá estou eu outra vez e se me permitem devo dizer que estou cada vez mais na mesma, que é como quem diz, as nuvens no céu, as obras de arte nos museus e eu no resto do mundo.
Como podem ver pela "maravilhografia" ao lado, o petiz cresce a bom ritmo, o cabedal é transmontano-beirão, a cor é alfacinha com um travozinho algarvio, o olhar intelectual é só meu e a beleza irresistivel é...de quem a apanhar.
Já estou no alto dos meus 19 meses e a coisa vai indo de vento em popa. Aliás, correcto será dizer "de furacão em popa" , pois cá comigo é assim: quando começo a correr, tudo abaixo de vendaval é dizer pouco.
Continuo a não saber o que é estar doente. A bicharada, ao ver este belo exemplar deve exclamar em pânico: Vós fujais carago, que este gaijo é do norte. E então, completamente em desnorte conjugariam o verbo "dar á sola" -
Eu fujo
Tu safas-te
Ele some-se
Nós damos ás gâmbias
Vós ides na guita
Eles raspam-se
Como tal, não paro de crescer. A boa notícia é que agora cresço mais para cima do que para os lados o que é sempre bom quando for altura de meter conversa com as meninas.Mas de falta de apetite também não reza a história; o que vier marcha e se for acompanhado de massa ou arroz então galopa.
A crescer está também o meu vocabulário. Ainda não sou fluente na língua de Camões, mas numa coisa sou melhor do que ele: eu vejo muito bem e o tipo era zarolho. No entanto já dá para ter conversas animadas com os meus pais e amigos. Bem, não sei se podemos chamar conversa à nossa troca de impressões porque a coisa funciona um bocado assim: eu digo o que quero, eles percebem, respondem que sim, eu rio, eles fazem e ficamos contentes. Ou então eu peço, eles dizem que não, eu repito, eles negam, eu berro, eles fazem e eu fico contente. E o burro sou eu?
Adoro jogar à bola (este pé direito não engana), escrever, contar (de 1 a 10 corrido e salteado), dizer letras (pode parecer mentira, mas de todo o alfabeto só falta meia dúzia) e conduzir o "popó do papá e do vovô".O meu pai por vezes diz que o "pitrólio" está caro mas eu faço beicinho e lá vamos nós para mais uma voltinha.
A mamã é uma porreira. Faz-me as vontadinhas todas, enche-me de miminhos e não pode estar longe de mim,e por isso passo o tempo a chamar por ela e não adormeço à noite sem o seu abraço (o leitinho também não pode faltar). Por falar em dormir...As coisas já foram piores, já foram melhores, agora estão numa fase intermédia a querer melhorar. Ás vezes durmo uma noitinha completa na minha manjedoura (a mãe está sempre a chamar-me de anjinho), mas a maior parte das vezes acabo na cama dos meus pais. A cama é maior e eles são magrinhos por isso não sejam egoistas e distribuam a riqueza.
Os dias são uma aventura para os meus avós. Eu a correr, eles atrás de mim. Mas o cansaço acumulado não os impede de me cobrirem de beijos abraços e...cházinho de limão com bolachas.
Bem pessoal, a conversa está boa, o tempo também mas lá fora espera-me a redondinha para mais uma sessão de pontapé na rapaqueca. Aguardem novidades, ficando com aquele abraço.
Saudações leoninas, rapaziada.
Pois é, já lá vai algum tempo desde o último contacto e por isso senti necessidade de vos por ao corrente das últimas novidades. Aqui o herói já vai a caminho dos 18 meses. É verdade, há ano e meio que o sol quando nasce, nasce para mais um...e meio. Ah pois é, bebé, com este cabedal ser só um é pouco.
Desde a última visita à sra. de bata branca e chupa-chupa esquisito ao pescoço que não me pesam nem me tiram a altura. Não sei bem porquê mas começo a pensar que a balança desmaie com o esforço e a fita não passe do nariz. O papá já diz que se continuar a crescer assim, para a próxima vai ter de marcar duas consultas: como peso e meço por dois, é justo.
Talvez por isso, não há maleita que me deite abaixo. Para isso muito contribui este porte atlético,que assusta qualquer bicharoco mais atrevido. Se a creche tiver discoteca, convidam-me para porteiro. Eu perfiro ver a coisa pelo lado romântico da questão e por isso digo que não é gordura, mas sim muita superfície para amar. Deve ser por isso que os papás me enchem de beijos. Acho a coisa um bocado lamechas e a dar para o mariconço, mas pronto, eles ficam contentes e faço de conta que gosto.
Fomos de férias para o Alentejo em Abril. Nada mais adequado a um tipo da revolução como eu: Nascido a 25 de Novembro, festejei os 17 meses a 25 de Abril em plenas terras de Grândola (Foi mais Vila Viçosa) de cravo na mão (quando não segurava uma bolacha) a entoar cantigas de intervenção (no intervalo das foteboladas). Admito que não ligo a politiquices mas eu de boina á Che Guevara fazia um sucesso entre as "moças" lá da vila.
Continuo a comer à grande e à portuguesa, que é como quem diz...tudo e muito. O meu corta-palha (os papás chamam-lhes dentes) está cada vez mais numeroso: são já 12 a caminho dos...16. Também não alterei o bom hábito (depende do ponto de vista, meu ou dos que correm atrás de mim) de não estar quieto. Ainda por cima, já ando quase sem parecer que abusei da aguardente velha. De vez em quando lá vou tendo uns encontros imediatos com os móveis, mesas ou chão, mas a coisa passa rápido.
A bola é minha grande amiga. Ouvi dizer que há quem ganhe a vida a chutar no couro. Quando virem o meu coice de pé direito, a técnica de acariciar a rapaqueca e a colocação da redondinha perceberão o que me espera em...Alvalade. Mas para além de atleta, tambem sou atinadinho nos estudos. Já sei contar até 10 (Nâo, não é mentira), as vogais (repito, não é mentira) e algumas consoantes (JÁ DISSE QUE NÃO É MENTIRA). Por isso já decidi: se não for o Ronaldo da próxima geração, serei Prémio Nobel de...qualquer coisa. Depois escolho.
Mas...pois também há um "mas". Um não, dois. O sono, essa chatice de passar muitas horas deitado sem fazer nada não é para mim. Como diria o ministro... "jamais!!!". O meu pai diz-me que como sou um atleta de alta competição, devo dormir muito como se tivesse em estágio. Mas acho que o tipo está na tanga e eu não vou nessa. O outro "não" é o feitio, como dizem os meus pais. Feitio???Mas que raio é isso do feitio? Será berrar se for contariado? Estar com sono e não querer dormir? Exigir uma bola em qualquer sítio? Bom, se isso for feitio, então eu tenho um grande feitio. Mas comigo é assim, tudo tamanho XXL.
Bem pessoal, a conversa está boa, mas já vai longa. Por isso, um abraço a todos (alô Minho e Trás-os-Montes) e até ao meu regresso. Enquanto isso, deliciem-se com o estilo da vedeta aqui em baixo
Gabriel,
Tens agora 15 meses, 3 semanas e 3 dias. Estás lindo, saudável e uma doçura de bebé. A cada dia que passa, ganhas mais um saber, descobres um novo desafio e desafias o impossível a cada momento. Queres aprender depressa e quase sempre o fazes bem. A cada novo som, imagem ou momento colocas a tua cara séria de investigador. Depois, deixas lentamente cair a expressão rígida para permitires que te baile na cara um sorriso maroto anunciando que percebes mais um segredo deste fantástico mundo novo. No fim já não consegues controlar um riso, uma expressão, um som quase palavra de satisfação. E então rimos todos entre felizes olhares que se cruzam nos teus.
Hoje é dia do pai. Ainda não sabes o que isso significa mas um dia sentar-te-ei no meu colo e, entre afagos nas madeixas claras do teu cabelo desvendo-te o seu sentido. Vou dizer-te que dia do pai são todos os dias que te olho nos olhos, são todos os momentos que seguro a tua mão, que te levo ao meu colo, que troco mais uma fralda ou preparo outro biberon. È cada uma das noites em que adormeces ao meu lado envolvendo a minha cara nas tuas pequenas mãos. São os serões todos que corro contigo atrás de uma bola ou de qualquer outra coisa que rebole. Dia do pai, Gabriel, são todos os segundos que me ofereceste desde o dia em que nasceste.
Quando saio de casa ainda a manhã nasce envergonhada e tu quase sempre dormes tranquilo. Não te acordo mas dou-te os bons dias num olhar. Não faço barulho e por isso sinto cada batida no peito que me avisa das horas em que te sinto longe. Saio lentamente e sei porque vou a sorrir. Simplesmente porque no fim do dia terei o teu abraço à minha espera.
Adoro-te, Bié. Feliz dia do Pai.
Meus amigos, cá estamos mais uma vez para vos dar conta do andamento da coisa. Como podem ver pela foto em anexo, o caracol no penteado não é parecido com o super-homem por acaso: estou mesmo inquebrável. Muito crescido, pesadinho e traquina. Mas acima de tudo com uma carinha laroca de levar à loucura as fãs mais exigentes.
Na última pesagem, a balança gemeu até chegar aos 14 kg e para verificar a altura quase foi necessário ir buscar uma fita métrica ás obras mais próximas: 85 cm bem esticadinhos.
Continuo saudável como se exige e bem disposto na maior parte do tempo. Começo a perceber como funciona essa coisa das birras. Os papás não parecem gostar muito da coisa mas...AGUENTEM-SE.
Quanto a dormir, tenho dias. Ou melhor, noites. Continuo a não achar muita piada ao facto de passar tantas horas sem correr, jogar à bola, escrever, falar ou comer. Mas decidi dar umas tréguas aos "cotas" e quase sempre durmo bem. Raramente uma noite inteira de seguida porque os "velhotes" teimam em tentar enganar-me: adormecem-me com eles, eu caio no sono e depois acordo sozinho na minha cama. Como não sou otário, berro. Os bacanos assustam-se, levam-me de novo para a cama deles e eu continuo no meu sono de beleza. Já dizia o outro, "e o burro sou eu?"
Mesmo estando sempre rijo e saudável, os paizinhos teimam em continuar a vacinar-me. A última dose foram duas, uma em cada braço. Não gostei, claro que não gostei. A sorte dos tipos é que ainda são mais altos do eu, senão a gente conversava umas coisas.
Termino desejando que a famelga toda esteja baril, enviando aquele abraço.
PS - Desculpem a linguagem mas os bimbos dos meus papás teimam em fazer-me ouvir aquelas musicas coquetes, tipo "Atirei o pau ao gato", "Jardim da Celeste" ou "João Pestana". Por isso estou numa de ser radical. E se a coisa não muda, ainda dou cabo do canastro ao gato, convido a Celeste a sair do jardim e corto as pestanas ao Joãozito com uma tesoura de podar.
Amiguinhos, parece que a coisa (leia-se a vida espartana, olheirenta e derreante dos papás) se quer compor. O pequenino grande herói mantem-se saudável como um pepino, rechunchudo como uma pêra, rosado qual morango e de feitio parecido a uma castanha: delicioso por dentro e algo eriçado por fora como o ouriço que envolve o fruto apetecido. E já que estamos numa onda de fruticultura, também me parece que o reguila tem o seu travozinho a melancia - verde por fora para agradar ao pai e vermelhusco por dentro quando toca a escolher a cor favorita. Mas isso é algo que se resolverá facilmente já que lá em casa quem não é lagarto não tem direito a encher o bandulho. E se a ameaça for a dieta forçada desconfio que o petiz arrastará o seu modesto cabedal até alvalade e far-se-á sócio do Verdão, com lugar cativo e vitalício, lugar na tribuna e coro afinado com a claque.
Quanto ás noites do "enfant terrible" podemos ver a coisa por 3 prismas: a da lógica - PARECE estar melhor , a da mãe - ESTÁ MELHOR, e a do pai - ESTÀ CURADO, MILAGRE, AFINAL ELE TEM SONO, AFINAL DORME, AFINAL A NOITE FEZ-SE PARA DESCANSAR. E quando está renitente nada como uma viagem do berço para a cama dos papás para acalmar a ira do petiz. Está errado? Pois está...mas já aprendemos que o que vem nos livros só se aplica aos outros. "Aos 3 meses passam as cólicas"- TRETA, "Aos 6 Meses deve dormir sozinho"- GRANDE TRETA, "Aos 12 já andam sozinhos" - ENORME TRETA, "Aos 18 meses já andam, comem sozinhos, falam, deixam as fraldas, vão trabalhar, têm ordenado e tratam dos pais" - bom, isso nunca vi escrito mas não me importava que não fosse treta.
Bom, a prosa vai longa mas fica a promessa de em breve actualizar o portifólio do rapazito. Beijos á rapaziada e família. Alô Beiras e Trás-os-montes, aquele abraço.
Acho que agora já é oficial. Segundo informação de fonte segura que prefere o anonimato (...os pais) o suspeito do costume (...o príncipe) já faz noitinhas completas do mais profundo e reconfortante soninho. Outras testemunhas anónimas (...os avós) asseguram que o indivíduo acorda bem disposto e sem pena das horas que passou no limbo, em vez de cantar ópera a cada três horas. Segundo testemunhos credíveis que optam por não dar a cara (...os vizinhos) nos últimos tempos não se têm sentido abalos sísmicos durante a madrugada. Será para continuar??? Não perca os próximos episódios da emocionante telenovela mexicana dobrada em brasileiro e legendada em português...GABRIEL: CRAVO (UM PONTAPÉ) NA CANELA
À primeira vista pode parecer que estou deitadinho no meu sofá, num sempre apetecivel "dolce fare niente"! Pois é meus amigos, não é nada disso bem pelo contrário. Estou a dar no duro tentando entrar na linha. É que começo a ficar farto dos comentários "...que bebé tão lindo e rechunchudo!..." ou ainda "...que grande e redondinho!...", ou a cereja em cima do bolo "...comer não é problema!...". Decidi por as mãos à obra e toca a fazer flexões até ficar com uns abdominais de meter inveja. Ainda estou no inicio mas isto vai lá. O pior são os efeitos secundários...Isto dá um a fome de rato. Se calhar o melhor é mesmo aproveitar o melhor que o sofá tem: confortável para nanar!
PS - Estou a modes que constipadinho, com muito ranho e uma gataria até vir os peixeiros. O meu pai tem tratado do assunto com aerosol (ainda suporto) e litros de soro fisiológico pelo nariz acima (quando eu for maior e lhe chegar ao nariz ajustamos contas). Mas não é nada de mais e continuo mexidinho, esfomeadinho e sem febre.
Contudo é um (pequeno) homem de hábitos. Tem o hábito de bem comer, de bem beber, de mal dormir. Pois é, a noite não o atrai e não tem ideia de o traveseiro ser bom conselheiro. É verdade que já foi pior. Até aos 4/5 meses o adormecer era caótico e dormir só três horas seguidas no máximo ao som de mais um biberon. Depois e até aos 7/8 meses melhorou até à impressionante média de 1 noite dividida em dois (não gozem, para os pais isto já era o paraíso). Depois os dentes aos 9 meses e o inferno estava de volta. Agora com 12 meses e na última semana tem feito noites fantásticas: pede leitinho ás 23/24h e dorme o resto da noite. Mas nem vou fazer alarido porque dá-me a ideia que o diabinho só está a preparar-se para voltar em grande estilo ao som de um estridente" Olá, estou de volta, na mesma lindo e duplamente mais desperto".
No outro post contei que o Príncipe quase fala. Entre "AAHH" quando quer água, "Papáaa" para chamar o pai, "papa" para fazer ver que tem fome, "Aõo" de cão, "Té" para Zé, "Nhãnhã" para um colinho da mamã ou "hum" para afirmar o seu ano de vida, os pais vêm uma autêntica enciclopédia. Um misto de optimismo com orgulho de criar um espertalhão. Estamos a tentar ensinar-lhe a dizer "ambulância" para o caso de encontrar os pais estendidos de exaustão.
1 ano.12 meses. 365 dias. Assim posto, é dificil acreditar como um ser tão imberbe e de aparência tão enganadoramente frágil consegue fazer descobertas a um ritmo quase diário. O Gabriel está na idade do "quase"; quase fala, quase anda, quase dorme, quase não tem sono, quase não se cansa. Enfim, parece o "nosso" Sporting: ás vezes quase ganha.
Tem uma capacidade de aprendizagem fascinante. Repete as brinacadeiras e gestos, aponta com intenção para uma série de objectos que já conhece, brinca e diverte quem está a seu lado.
De interesses variados, tem uma predilecção especial por carros com que brinca ao som de um "brum...brum..." digno de um ferrari, a viola dos avós que miraculosamente ainda resiste aos seus devaneios musicais (mas que há muito conseguiu desafinar), o computador a debitar fotografias suas (expoente máximo de narcisismo precoce) que faz avançar e retroceder com a ponta do seu dedinho tratando de elouquecer o rato tal a velocidade , a aparelhagem refinada ao som de Jorge Palma, música clássica ou outra qualquer desde que aquelas brilhantes luzinhas não se apaguem e acima de tudo...Bolas. De futebol, de brincar, balões, berlindes, não interessa muito. Qualquer objecto redondo esquecido no chão é um potencial objecto voador bem identificado pronto as entrar em órbita impulsionado por um pé esquerdo que o Cristiano Ronaldo não desdenharia. Parece óbvia a carreira do petiz: envergonhar os colegas na escola na altura das jogatanas, academia de alcochete, equipa principal do Sporting, selecção nacional, transferência para um colosso mundial e eliminar o Sporting da Liga dos Campeões com golos de antologia...Pensando bem amanhã vai haver sumisso das redondinhas lá de casa.
Ontem o Bié fez .........1 ANO......... e foi a desbunda total! Amigos eram ás dezenas, a barulheira infernal mas o aniversariante portou-se como um "homemzinho" : nem uma birra, nem um azedume, nada. Presenteou os convivas com todas as gracinhas que sabe fazer e foi a vedeta do pedaço. Recebeu "himalaias" de prendinhas e com todas brincou oferendo singelos sorrisos de contentamento a quem partilhava do momento.
Neste ano de vida, o Gabriel galgou etapas e cresceu (para cima, para os lados e para o intelecto) de forma galopante. Aos 9 meses o primeiro dente e com ele o regresso ás insónias...dos pais. Mas como dormir sempre foi uma perda de tempo, para ele a diferença não deve ter sido muita. Comer nunca foi um problema. Leite, sopa, fruta, iogurtes e agora sólidos...só não marcham os talheres porque são indegestos. Gatinhar dá muito trabalho, por isso toca a andar. Mas a andar leva muito tempo a chegar onde quer, por isso é vê-lo correr. Parece que em casa sopra sempre uma nortada, mas é apenas o pequeno rebelde de origens transmontanas. Agora, aos 12 meses, a primeira aventura "a solo": meia duzia de passos na cozinha lá de casa com os assistentes a fazerem de turistas japoneses disparando flashes e videos como pistoleiros. Enfim, um pequeno principe com tiques de rei a caminho de ser imperador.
Amiguinhos, desculpem este tempo de ausência mas garanto-vos que não foi por esquecimento, tão só por falta de tempo para me lembrar, sentar e distribuir novidades. Os dias continuam a ter as mesmas 24 horas do costume mas as obrigações parece quererem esticá-las para lá do impossível. Desde a nossa última conversa, as novidades não foram muitas por isso é fácil recuperar a prosa perdida; As noites do Bié continuam "cada vez mais na mesma", ou seja, não serão bem noites mas sim o prolongamento dos dias e dos seus horários. Por vezes Morfeu embála-o por umas intermináveis 5 horas seguidas, mas mais do que isso era pedir as estrelas. De resto e porque o que é bom também se deve gabar, comer continua a ser o seu desporto favorito, saudável e lindo. Já quase fala, já quase anda, já quase percebe que todo o nosso mundo gira em volta do seu umbigo e por isso começam agora as tentativas (quase fúteis) de tentar não fazer tudo o que lhe dá na telha. Mas como pequeno génio com um grande génio, já percebeu como torcer a vontade dos pais: estica-se, faz birra, chega onde quer e depois ri de satisfação. A quem vê resta sorrir daquela carinha redonda onde baila um riso largo e seis dentinhos brancos como o leite que lhes dá o nome.
Em contraste com esta energia toda, aos pais vão faltando as forças. O traquinas não dá descanso e as obrigações não dão tréguas. Resultado, o espelho reflete as silhuetas de dois zoombies saídos de um filme Hitchcockiano. Mas como eu (pai) costumo dizer, podia ser pior: podiam ser gémeos.Até breve, pessoal.
Há alguns dias, mencionei o facto do Bié estar a fazer melhores noites, com sonos mais prolongados e com isso oferecer um bocadinho mais de descanso aos papás......foi sol de pouca dura!!! Voltaram as "noites suissas": São mais os buracos que o queijo.
PS - Vitória do nosso Sporting por 3-0. Mas com um batatal daqueles, se despedissem o Paulo Bento e contratassem o ministro da agricultura, a goleada seria histórica.
Pessoal, hoje à noite o meu papá vai apresentar o Vaticano (sim, porque se os outros dizem que jogam na catedral, o nosso estádio só pode ser a cidade santa inteira) ao avó e ao tio.
O nosso (meu e do papá, porque os convidadados são vermelhões) Sporting joga com o Guimarães mas eu não posso assistir ao vivo. O meu pai diz que a minha voz podia distrair a equipa e abanar as fundações do estádio. Ele depois conta-me como foi e eu aviso-vos aqui no meu espaço virtual. Saudações leoninas.
No Gabriel tudo está presente em doses industriais: as qualidades são divinas, o resto (pouco) diabólico. Desde muito cedo vieram as cólicas e vieram com violência. Foram muitas horas de choro compulsivo, muito colo de conforto, desespero dos pais para diminuir o mal estar e uma angustiante espera para que se fossem embora. A literatura - e lêmos quase tudo o que havia no mercado - bem como os relatos de quem passou por isto, diziam que a acalmia vinha com os 3 meses. Mas o Bié não é um qualquer e decidiu brindar-se a si próprio com mais quase outro tanto de sofrimento. Experimentámos tudo o que havia no mercado - Aero-OM, Colimil, leite adequado, tetinas e biberons especiais, Infacol importado de Inglaterra, chá de funcho, etc... - e tudo o que conseguimos foi convencermo-nos que fizemos tudo o que era possível. Hoje é uma triste recordação de um passado recente.
E a voz deste moleque? Se Lucciano Pavarotti era um tenor, o Gabriel é uma ópera inteira. Se juntármos a isto um ataque constante de bicho carpinteiro, resta-nos esperar que os vizinhos tenham paciência. Desconfio que o Bié não vai gatinhar. Tem agora 10 meses e ainda não consegue arrastar os quase 13 kg de gente com a força dos joelhitos. Mas quer chegar aos objectos que vê, tenta e tenta até pedir a quem está mais perto para fazer o favor de o carregar em ombros até ao seu troféu. Só quer andar, andar e caminhar por todo o lado. Se os pais deixassem caminhava até cair para o lado. Não deixam porque caem primeiro de exaustão.
As noites...bem, as noites sempre foram um prolongamento suave e natural dos dias. Dormir uma noite completa é e sempre foi uma miragem. No início de 3 em 3 horas era obrigatório encher o depósito. Três horas de viagem calma num sono leve e nova paragem na estação de serviço mais próxima: o biberon sempre pronto à cabeceira da cama. Melhorou até chegar a um despertar por noite e eis que surgem os dentes por volta dos 7 meses. Dentes precisam de cálcio, cálcio precisa de leite e os papás precisam de dormir. Precisam mas voltam à rotina das três horas e o sono esquece-se. Agora a caminho dos 11 meses parece querer melhorar, mas nem é bom falar muito para não agoirar.
Nestes ainda curtos 10 meses o Bié já viveu um incontável rol de experiências. Os pais sorveram cada segundo desta nova vivência. O Gabriel sempre foi uma criança saudável. Conta no cadastro apenas 2 constipações (2 e meia se contarmos o narizito ranhoso com que anda hoje), que ultrapassou rapidamente sem problemas de maior. A segunda, por volta dos 6 meses obrigou-o a fazer 5 sessões de ginástica respiratória como precaução, mas ao fim de três já estava novo. As vacinas foram sempre pacíficas, chorando apenas o suficiente e sem mostrar nenhum efeito secundário nos dias seguintes. Ia dizer que é um bebé muito mexido, mas na verdade são os pais que aceleram com o pequeno reguila ao colo para todo o lado, porque estar quieto no mesmo sítio e durante algum tempo, simplesmente não é com ele. E enquanto lhe faltar a força nas pernas, cá estarão os taxistas de serviço para mais uma corrida. Comida nunca foi um problema. Apesar de o leite materno não ter chegado para muito, depressa se adaptou ao suplemento e dele fez o seu melhor amigo. Aos 3/4 meses já estava nos 180 ml e desde essa altura que o percentil de peso e altura não aparece nos gráficos. Quando chegou á altura da sopa, foi como se sempre se tivessem conhecido. E como amigos se mantêm. Não custa adivinhar que quando chegarem os sólidos, nem os ossos escaparão á voragem daquele apetite.
Dentro do bloco de partos o pai conhece a rotina: a mamã entra para a sala acompanhada pelas enfermeiras, a Dra. vai preparar-se para o grande momento, o papá não perde tempo e vai para o vestiário transformar-se em astronauta obstétrico vestindo touca, bata cirúrgica e protecção de sapatos. Olha-se ao espelho e por momentos pensa que o reflexo é o de um empregado de peixaria de um qualquer hipermercado.
Ás 13.45h a mamã senta-se na marquesa ginecológica e prepara-se para ser a actriz principal numa cena de grand finale. Mariana deixa escapar que já vê o marotito. A mamã pergunta nervosamente se tem cabelo. Que sim, não há dúvida que cabelo há com fartura e assim cai o mito: bebés cabeludos não fazem gravidezes com azia. 1..2..3...apenas 4 minutos foi quanto demorou ao pequeno herói a tarefa de se dar a conhecer ao mundo. Passavam 49 minutos das 13 horas de 25 de Novembro de 2006. A mãe portou-se lindamente como esperado e ajudou até...demais. Quando lhe pediam para descansar ela continuava a puxar e a vontade de ver o sonho moveu aquela pequenina montanha. O Bié começou logo alí a mostrar um feitio muito seu, já que tal como um verdadeiro contorcionista chinês de circo conseguiu sabe-se lá de que forma dar um nó verdadeiro (e como tudo nele, perfeito) no cordão umbilical. Explicava-nos assim o porquê do nível dos ritmos cardíacos abaixo de 100; a cada contracção, o nó apertava e diminuia o fluxo sanguíneo ao bebé. O artista foi um grande artista. Não havia necessidade...
E a terra tinha mais um anjo. Veio a este mundo com a gentileza de 2880 gr que enchiam 47 cm de pequena gente. Acabadinho de chegar e fazia furor no primeiro de tantos exames que terá pela frente: A.P.G.A.R. 9 ao primeiro minuto e 10 (nota máxima) ao quinto. O orgulho dos papás mas outra coisa não seria de esperar, afinal teve nove meses para estudar.
Suadinho e cansado tomou o primeiro e retemperador banhinho, roupa lavadinha e uma refeição digna da realeza. Refastelou-se sob uma luz UV durante uns minutos e aí estava o malandreco pronto para arrebatar corações. Enquanto isso a sala de partos estava tranformada num palco de stand up comedy, com os suspeitos do costume (papá, mamã e Mariana) na galhofa e em risadas. E agora já não eram risos nervosos, eram apenas de uma felicidade estampada em cada gesto. Eram 14.20h e a mamã já estava no recobro à espera que a prendinha que mais pediu durante o ano chegasse, para a envolver num abraço terno de boas vindas.
(continua...)
A manhã foi passando ao sabor dos cm de dilatação. Começou em 3 dedos e acabou nos 8 cm. A noite tinha sido em claro mas não havia sinais de sono, embriagados que estavam todos com a chegada da hora. Enganava-se a espera com anedotas e piscadelas á televisão. Pelo meio contemplava-se o reflexo do rio que agora era iluminado por um sol que espreitava por entre nuvens menos ameaçadoras. A Dra. lia revistas sentada num caixote que por um dia foi banco e cada nova observação era acompanhada de uma (tantas) palavras de conforto e regada com aquele sorriso que é só seu. Ao lado da mamã um aparelho "vomitava" uma interminável tira de papel onde pintava um traçado quase ilegível. Era o CTG que registava os batimentos de um pequeno coração e as contrações de uma grande mamã. Por vezes os primeiros desciam abaixo de 100, algo inferior ao esperado, mas na maior parte do tempo estavam acima de 150. Estaria tudo bem? Voltarei a isso mais tarde.
Ás 13.30 a informação que estava a chegar mais uma visita. A visita. O Bié estava pronto para deslumbrar o mundo. Já chegava de suspense e tenho a certeza que também ele estaria ansioso por ver um sorriso infantil; aquele que os pais mantêm até hoje sempre que o vêm.
Por esta altura os 4 avós e o tio tentavam ingloriamente enganar-se uns aos outros para que não se percebe-se o seu nervosismo mas até eles percebiam como era em vão.
A mamã oferece a todos um sorriso quando passa no corredor em direcção ao bloco de partos. Parece a única pessoa calma numa multidão de frenéticos. A seu lado o papá e a amiga Mariana. Ao entrarem na sala fecha-se a porta atrás como uma imagem em câmara lenta e se de um filme se tratasse seria agora que a legenda diria "e quando se abrir nada será como dantes..."
(continua...)
A noite era a de um inverno londrino. Chuviscava envergonhadamente como se o céu estivesse ensonado demais para ser mais rigoroso. Pouco antes das 4 da madrugada a chamada inevitável para outro anjo que habita entre nós: Dra Mariana Loureiro, a companheira e amiga de todas as horas. Algo relutante, a futura mamã ainda comentou a indecência das horas para incomodar a Dra. O papá contrapôs que assim tinha ficado combinado: se surgisse um contratempo, a que horas fosse, o telemóvel estaria ligado. E estava. Apesar do facto da amiga Mariana ser ter deitado há 5 minutos atrás pois tinho estado a receber nos braços mais um "afilhado" adoptivo até ás 2 da manhã. Nas suas palavras o conforto e confiança de sempre: iria ter ao hospital e enquanto não chegasse manter-se-ia informada com o pessoal de enfermagem da evolução do "caso". Entrada pelas urgências da Cuf-Descobertas ás 4.30h. Estava um turno calmo, muito mais calmo que o habitual. O papá sabe bem do que fala. Afinal é o seu local de trabalho e não costuma ser bafejado com esta sorte. Inscrição feita e acompanham-nos ao piso 2 de obstetrícia. A mamã ri de uma satisfação ansiosa. O pai sorri por ela, por ele, porque está ansiosamente satisfeito. CTG de controlo e o Bié está a arrumar as últimas coisas. Num quarto com vista para o Tejo aproveitamos para ver o último amanhecer a dois.
Era tempo de resolver um pequeno grande problema. Naquele sábado o pai era para entrar de serviço ás 8 da manhã. Aproximava-se a hora e era preciso tentar arranjar substituto suficiente amigo para se dispor a fazer um turno de 24 horas num sábado, avisado com 3 horas de antecedência e suficientemente louco e distraído para não ter o telemóvel desligado ás 5 da manhã. Primeira tentativa e primeiro...prémio. A colega concordava sem restrições e nunca lhe conseguirei pagar tanta disponibilidade. Como agradecimento fiz questão que fosse a primeira pessoa a saber que já tinha nascido o nosso tesouro. Chorei com ela.
Pouco depois das 6 da manhã uma enfermeira pergunta se já sente necessidade de epidural. Nenhuma porque dores não havia. Mas aproveita-se a presença da anestesista e acaba-se com o que nem sequer começou. Nem aí houve desconforto. Chegam os avós pelas 7 depois de algumas indicações de como chegar ao hospital. A meio da manhã chega a Dra Mariana e com ela a certeza que tudo correria como até aqui...Bem! Era meio dia quando a avó Gi e o avô Quim cruzam a entrada do piso 2.
(continua...)
Os dias de pré-mamã são fáceis de contar: 9 meses, ou melhor 8 meses e 1 semana de uma espera dificil de controlar. Uma ansiedade que parecia não caber em cada um dos corpos de uns futuros papás já babados desde a primeira hora. O pai manteve-se sereno, a mãe continuou linda. Cada vez mais linda, cada vez mais mãe. As consultas de rotina foram as únicas visitas ao hospital porque a gravidez não conheceu outra dificuldade que não fosse a espera; A mãe do Bié sempre se portou lindamente e o futuro reguila também, dando sinal de si sempre que queria ser o centro das atenções. Mexia aqui, mexia ali e no fundo mexia connosco. Não deu uma dor, um enjoo, uma tontura...nada. O Gabriel chegou de mansinho e fez a viagem toda tranquilo no conforto da barriga da mãe. E com isto "obrigou" a mamã a trabalhar até ao último dia da sua estadia.
Sexta-feira tinha sido um dia normal não fosse uma otite que apareceu (ao pai) por volta da hora de jantar. Como estaria de serviço no dia seguinte era necessário tratar da maleita. Fui ao hospital arranjar uma receita que me aliviasse daquele incómodo. Entre viagens e compra de medicação o aconchego dos lençóis surgiu marcava o relógio 23h. Deu para adormecer mas um incoveniente telemóvel interrompeu o ainda curto mas justo descanso. Não sei quem foi mas sei o que fez: lembrou-me da otite e não mais reencontrei Morfeu.
Sábado tinha nascido há pouco. Eram 2.15h de um 25 de Novembro de 2006 a cheirar a revolução quando o maroto deixou a torneira da "casa de banho" aberta. Rica inundação e sobressalto natural. Desde há algum tempo que tudo estava preparado para uma chegada eventualmente antecipada e havia planos de contingência para tudo. Menos para o nervoso miudinho. Ainda assim e com uma calma enervante a mamã teve tempo para tudo e mais um par de botas. Banho, secar o cabelo, vestir, arranjar o cabelo, ajeitar a roupa, calçar, retocar a aparência, verificar se nada faltava na mala de "viagem", avisar os avós que viviam longe...e o pai a desesperar. Enfim, quase 1 hora e meia até haver autorização da torre de controle para o papá pegar no avião em formato de carro e voar baixinho até ao hospital. Eram 3.30h da manhã quando a aeronave descolou.
(continua...)
Gostava de vos apresentar as duas coisas que, provavelmente me deixam mais feliz: a minha mamã e aquela coisa enorme, azul e molhada que está atrás de nós. Os meus papás dizem-me que se chama oceano, mas para mim é uma "binquedo muta gande" parecido com a banheira lá de casa,onde eu posso fazer "chap, chap, chap" sem os meus pais se preocuparem com o chão de madeira do meu quarto.
Foram umas férias muita fixes e pela primeira vez conheci essa coisa do oceano. Aprendi também o que é piscina, areia, castelos, praia, e umas senhoras muito louras e altas com uns gandes balões no peito que falavam esquisito e só dizem "oh, what a lovely baby". O meu pai disse-me que eram "bifas" mas a minha mamã chamava-as inglesas. Eu prefiro a primeira porque me lembra o almoço.
Em breve deixarei mais recordações destas vacances.
Um abraço. Bié.
Em seguimento do post anterior, não me sinto com coragem para comentar a desgraça que se passou no batatal de Alvalade. Estou com azia.
Buena sera a tutte principessa que para aí anda a blogar. Gostava de avisar que a expressão que o paparrazzi do meu pai apanhou na foto ao lado não é de tristeza ou mau feitio...era um sono do caraças e aquela gente não me dava uma caminha. Ser lindo dá nisto: os papás andam por todo o lado a mostrar-me ao mundo. Enfim, gente vaidoooooosa.
Queria também avisar que a partir de agora serão os meus papás a deixar aqui o diário desta jornada que será a nossa vida a três. Eu ainda pensei tomar conta do recado mas bater nestas teclas dá uma canseira que não se aguenta. Por isso, nas próximas oportunidades os babadinhos vão começar o árduo trabalho de me apresentar à blogosfera e terei apenas de censurar o que não acho correcto. Ditadura? Não, Gabrielocracia. aviso desde já que apenas permitirei a divulgação de fotografias que me "apanhem" o lado bom, ou seja fotografias de corpo inteiro porque em mim tudo é gostoso. Admito uma ou outra excepção (como esta) mas sem abusar, senão...vão pró tronco.
É domingo e à noite joga o meu SPORTING por isso cá em casa vai ser noite à portuguesa: eu e o papá a ver a bola, a mãe a refilar, o gato a ser pisado e as cervejas a escorregar pela goela. Enfim, na verdade aquela hora já estou a dormir, o pai e a mãe a não fazerem barulho, não temos gato e aqui ninguém bebe. Verdade verdadinha, só mesmo o meu SPORTING . Amanhã comento aqui o resultado à mesma hora do "Donos da Bola". Pelo menos que haja alguém isento.
Abraços galera e vêmo-nos por aqui.
Olá pequenada.
Cheguei de mansinho, envergonhado e ainda não percebi muito bem como isto funciona mas com o tempo a coisa há-de ir.
Chamo-me Gabriel, Bié para os amigos (todos vós), 9 meses 26 dias e algumas horas de puro irrequietismo. Nasci à hora de almoço do dia 25 de Novembro de 2006 e talvez por isso uma das minha maiores virtudes é mesmo essa: comer. Marcha tudo e marcha bem. Não admira por isso que tenha agora 80 cm e 12,5 kg (não, não é gralha).
Sou lindo de chorar por mais, brincalhão, tagarela e carinhoso. Pontos fracos? Não tenho. Bem...talvez alguns fraquinhos: fraquinho pela birra, fraquinho para não dormir, fraquinho por actividades radicais e um fraquinhozinho para estafar os meus papás até à exaustão de tanto lhes pedir a atenção. E eles devem achar um piadão porque estão sempre contentes. Vá lá perceber-se esta gente graúda.
Bom pessoal, para primeira vez isto já vai longo. espero encontrar-me com vocês por aí e espero a vossa visita sempre que quiserem.
Deste vosso amigo, Bié.
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